Como cristãos, devemos nos equipar com o evangelho autêntico, identificar os “evangelhos” falsos e compreender como a verdade se aplica às nossas vidas.
De diversas maneiras, a cultura ao nosso redor tenta suavizar, modificar ou até substituir os ensinamentos centrais das Escrituras, introduzindo crenças e práticas que parecem atraentes, mas que desviam do verdadeiro evangelho.
À luz de Romanos 5:1-2, 8-9, vamos examinar os fundamentos do evangelho, enquanto identificamos os perigos das distorções que podem nos afastar da verdade.
“Portanto, tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio dele também obtivemos acesso pela fé a essa graça na qual permanecemos… Deus prova seu amor para conosco em que, quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. Logo, muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira de Deus” (Romanos 5:1–2, 8–9).
Esta passagem apresenta três questões que podem ser usadas como estrutura para fundamentar uma base sólida no evangelho.
- Salvos de quê? Da ira de Deus. Não existe evangelho sem a realidade da ira de Deus e Seu julgamento justo contra os pecadores (v. 9). Esta é uma verdade desconfortável, mas é algo que devemos ensinar, porque ignorar ou minimizar o pecado não faz com que ele desapareça. Deus é o padrão — e pecamos contra Ele.
- Salvos por quem? Jesus Cristo. Os cristãos são salvos da ira de Deus pelo sangue justo de Jesus, o Cordeiro imaculado e sacrificial que absorveu a ira em nosso lugar (v. 8). Somente Jesus tem o poder de salvar pecadores desesperados e mortos, dando-lhes a vida eterna em Seu nome, realizando o que nunca poderíamos.
- Salvos como? Pela graça mediante a fé. A verdadeira fé diz: “Não trago nada à mesa.” “Venho de mãos vazias, mas Cristo alegremente se entrega a mim.” Ensinamos que a fé é confiar que Jesus nos resgatará do pecado, porque sabemos que não podemos nos salvar. E a fé é confiar que Jesus faz isso independentemente de qualquer coisa que tenhamos feito.
Erros comuns que podemos cometer
Quando esquecemos o evangelho, somos mais propensos a ser levados e sacudidos pelas ideias do mundo. Assim como é importante construir uma base sólida, também devemos estar atentos às distorções em ação no mundo e nas igrejas.
Aqui estão sete distorções do evangelho que devemos ter em mente:
- O conceito da “Boa Pessoa”
Essa diz: “Somos todos basicamente boas pessoas. Cometemos erros e falhamos — ninguém é perfeito — mas somos bons de coração.”
Essa afirmação está errada e perigosa. Precisamos lembrar que ignorar o pecado não o fará desaparecer. Há alguém a quem seremos responsabilizados, e embora nosso orgulho não goste dessa ideia, o pecado é real, e é um poder do qual precisamos ser resgatados. Ninguém é bom, nem mesmo um (Salmo 14:3). - O conceito da “Autoconfiança”
Essa distorção afirma: “Você é tão bom que merece um Salvador, e tudo o que Ele pode te dar é solucionar seus problemas.”
A “autoestima” se infiltrou nas igrejas. Diversas técnicas de autoajuda fazem com que nos sintamos bem, mas é surpreendente a ausência da doutrina do pecado. Quando minimizamos o pecado, perdemos o evangelho. - O conceito do “Individualismo Expressivo”
Isso sugere que o cristianismo é sobre “ser fiel a si mesmo”, “seguir seu coração” e “viver de forma autêntica.”
Mas essa ideia contradiz o evangelho. Nossos corações são enganosos, e confiar neles pode nos levar à confusão e, em última análise, à morte espiritual. - O conceito do “Jesus Opcional”
Essa crença diz: “Jesus é um caminho, não o caminho. Uma pessoa pode encontrar seu caminho para Deus por meio de várias experiências espirituais.”
Dizer que Jesus é apenas uma opção vai contra a verdade da Bíblia (João 14:6) e anula o evangelho. - O conceito do “Jesus da Prosperidade”
Essa visão diz que Jesus garante a seus seguidores uma vida feliz e saudável, sem problemas.
No entanto, Jesus sofreu, e aqueles que creem nEle também sofrerão (Marcos 8:34). Seguir Jesus não significa uma vida sem dificuldades. - O conceito do “Fé E”
Essa distorção afirma que fé, combinada com algo mais (boas obras, autodepreciação, uma compreensão correta de Deus), é suficiente para salvar.
Nossa salvação depende inteiramente da obra completa de Cristo, sem que possamos adicionar nada a ela. - O conceito do “Fé Então”
Essa ideia afirma: “Jesus é minha justiça, então posso viver como quiser, porque no final, estou salvo!”
Isso é chamado de “graça barata”. A verdadeira liberdade em Cristo nos liberta do pecado, não para que continuemos a pecar.
Conclusão
Esses erros desviam nossa atenção da confiabilidade de Cristo e da fé verdadeira. Construir uma base sólida nos ajuda a identificar os falsos evangelhos que o mundo apresenta. Os princípios fundamentais da fé cristã são: a justificação, a paz com Deus por meio de Cristo, a graça, o amor de Deus demonstrado na cruz e a salvação da ira de Deus.
Somos chamados a viver uma vida de gratidão e obediência, não para ganhar a salvação, mas porque já fomos salvos por Sua graça.
“Que o Deus da paz, que tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Cristo Jesus, ao qual seja a glória para todo o sempre. Amém” (Hebreus 13:20–21).